Localizada no oeste do Pará, na confluência dos rios Tapajós e Amazonas, Santarém é considerada a cidade mais antiga do Brasil. Uma cidade com aproximadamente 300 mil habitantes, famosa por suas belezas naturais como Alter do Chão.
No entanto, Santarém vai muito além do turismo: segundo diversos estudiosos e arqueólogos, Santarém pode ser considerada a cidade mais antiga do Brasil, superando até mesmo o título historicamente atribuído a São Vicente (SP), fundada oficialmente em 1532 pelos portugueses.
Você vai entender por que Santarém é apontada como a cidade mais antiga do Brasil, com base em evidências arqueológicas, culturais e históricas. Santarém para o futuro político da região amazônica, especialmente com relação ao possível surgimento do Estado do Tapajós.
São Vicente: o marco oficial da colonização portuguesa
A cidade de São Vicente, no litoral paulista, é oficialmente reconhecida como a primeira cidade fundada por europeus no Brasil. Martim Afonso de Souza estabeleceu o povoado em 1532, criando uma base administrativa para a Coroa Portuguesa. Por esse critério de colonização ocidental, São Vicente é vista como o marco inicial do urbanismo no Brasil.
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No entanto, essa visão eurocêntrica desconsidera a longa e rica história das civilizações indígenas que habitavam o território brasileiro muito antes da chegada dos portugueses. E é nesse ponto que Santarém se destaca.
A história milenar de Santarém e a civilização Tapajó
Santarém abriga alguns dos vestígios mais antigos e sofisticados de ocupação humana em todo o território brasileiro. A região foi habitada por diversas civilizações indígenas ao longo dos milênios, sendo a Cultura Tapajó a mais emblemática.
Cerâmica Tapajônica
A cerâmica da cultura Tapajó, encontrada em Santarém, é considerada uma das mais elaboradas da América do Sul pré-colombiana. São urnas funerárias, vasos decorados com formas humanas e animais, além de peças ornamentadas com tintas naturais. Vários desses artefatos foram levados por europeus e hoje estão expostos em museus na Europa, como no Museu Etnológico de Berlim.
Terra Preta de Índio
Outro elemento arqueológico fundamental de Santarém é a terra preta de índio, um solo fértil produzido artificialmente por comunidades indígenas através da adição de resíduos orgânicos e carvão. Essa tecnologia agrícola milenar revela um conhecimento sofisticado de manejo ambiental, e grandes áreas com terra preta foram encontradas em toda a região de Santarém.
Sítios Arqueológicos em Santarém
A região de Santarém é extremamente rica em sítios arqueológicos. Pesquisas em Alter do Chão, Belterra e na zona urbana da própria Santarém revelaram artefatos como lâminas de pedra, ferramentas, ossos, cerâmica e vestígios de habitação. Esses achados comprovam que Santarém foi habitada continuamente por milhares de anos.
Santarém Indígena: muito antes dos portugueses
Diversos relatos históricos, como os do naturalista britânico Alfred Russel Wallace no século XIX, descrevem uma sociedade indígena organizada e numerosa em Santarém. Os Tapajós viviam em grandes aldeias, com estruturas sociais, redes de comércio e práticas agrícolas complexas.
Pesquisas arqueológicas indicam que a ocupação humana na região de Santarém remonta a pelo menos 2.000 anos, com algumas evidências apontando presença humana desde 5.000 anos atrás. Ou seja, Santarém já era um centro urbano milenar antes mesmo do conceito de cidade existir nas Américas do Sul e Central.
Santarém é a cidade mais antiga do Brasil?
Quando analisamos critérios como ocupação contínua, complexidade social, produção cultural e legado arqueológico, Santarém se destaca como a cidade mais antiga do Brasil. Ao contrário de São Vicente, que representa o início da colonização europeia, Santarém simboliza o florescimento de uma civilização amazônica indígena muito anterior a 1500.
O reconhecimento de Santarém como a cidade mais antiga não é apenas simbólico. Ele representa um novo olhar sobre a história brasileira, que valoriza a ancestralidade indígena e rompe com a visão limitada do “Brasil colônia” como ponto de partida.
Santarém pode ser capital?
Além de seu protagonismo histórico, Santarém também ocupa um papel central nas discussões sobre a criação do Estado do Tapajós, uma proposta de divisão territorial do Pará. Caso a divisão se concretize, Santarém é amplamente considerada a principal candidata à capital do novo estado, devido à sua infraestrutura, localização estratégica e relevância política e econômica.
Com sua posição geográfica privilegiada no oeste do Pará e seu papel como centro cultural e histórico, Santarém representa uma liderança natural na região.
O Legado de Santarém para o Brasil
Santarém, no coração da Amazônia, é muito mais do que um destino turístico. É um berço de civilização, cultura e história. Reconhecer Santarém como a cidade mais antiga do Brasil significa valorizar as origens indígenas do nosso país e ampliar nossa compreensão da história nacional.
Com seus inúmeros sítios arqueológicos, sua rica cultura material e sua tradição milenar, Santarém se impõe não apenas como uma cidade do presente, mas como um símbolo do passado e uma esperança para o futuro. Seja como capital do futuro Estado do Tapajós ou como patrimônio histórico brasileiro, Santarém merece estar no centro do debate sobre as verdadeiras origens do Brasil.